Uma vez ouvi um grande especialista dizer que o Rio de Janeiro jamais seria um lugar escolhido
por arquitetos urbanistas para ocupação humana. Muito morro, e morros muito
altos, natureza imensa, avassaladora. Pois foi ali que se fez o Rio. E é
principalmente na capital, na gema desta complexidade, que a topografia prevista como problema, faz-se solução.
São seus morros, as florestas de seus altos, pedaços de serras e matas que dão identidade à cidade do Rio de Janeiro. Sua paisagem nunca termina no
amontoado arquitetônico do homem. Por trás dos edifícios ou além das
favelas, um morro sempre está lá. Para onde quer que se olhe, a natureza quebra o mau humor do progresso.
A sinuosidade do carioca reflete a
convivência com suas curvas doces e salgadas, o claustro dos túneis que sempre desembocam na democracia arejada das praias, seus horizontes de montanhas e
mar, de paisagens concretas do cimento, mas das pedras gigantes também. A natureza contundente
vive, ali, em comunhão com o homem. Como corpo e alma de um gigante lindo, pulsante, feliz e único.