domingo, 18 de março de 2012

Quem tem raça, amor e paixão, não precisa ter razão


O Flamengo é meu time, não uma empresa que administro. Quero vê-lo em campo, fazendo a alegria da maior torcida do mundo. A mim cabe vibrar, gritar, falar mal do técnico, de um jogador ou outro que não goste e aquelas outras coisas que todos conhecem sobre o mundo dos torcedores apaixonados. Fazer conta, avaliar, ponderar, racionalizar não é pra mim. Nem pros outros 35 milhões de flamenguistas.

Quando se ouve o grito de “raça, amor e paixão”, quem precisa de razão? É por isso que sou uma das militantes da campanha por Adriano de volta. Quero sim. Sempre quis. Adriano é a cara do Flamengo e a Gávea é a casa dele. Carioca, cria do time, torcedor assumido, Adriano também quer o Flamengo. A torcida cansou dos insossos Devids. Queremos jogadores apaixonados pelo CRF que carrega no peito.

Por que a torcida idolatra tanto Zico? Porque diferente de outros grandes heróis rubro-negros (Bebeto e Romário, por exemplo), Zico sempre se portou como um flamenguista, antes de qualquer coisa. Nunca usou outra camisa no Brasil e não seria o nosso Zico, se usasse. Assim é Adriano também. A camisa do Corinthians lhe pesava, entristecia. Parecia um animal de circo, enjaulado, longe do habitat.

E agora? Não sei. Torço para que ele se recupere e que faça uma bela temporada nessa sua volta pra casa. O Adriano quer, a torcida quer, os jogadores querem, os dirigentes querem, o empresário dele quer, Joel quer... E que os contra o retorno de Adriano repensem. Afinal, a essa altura do campeonato, com tanta carência de alma em campo, não sei se é Adriano que precisa mais do Flamengo ou o Flamengo dele. Seja como for, o retorno está praticamente certo. Que venha o imperador e que nos faça muito felizes enquanto durar.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Facebook ou Fakebook?



O Facebook é o oásis da autoafirmação. Nele, todo mundo é bonito, rico, feliz, malhado, tem uma vida social intensa, gosto apurado para música e literatura, é popular, divertido e ao mesmo tempo inteligente, culto, bem informado, super considerado. E ainda acredita em Deus, é bom pai ou mãe. Ah! E conhece boas citações.

Poucos disfarçam suas vaidades, necessidades de reconhecimento, de gerenciar o imaginário alheio. A interação é gentil, quase delicada. Se você curte o que eu digo, fico lhe devendo uma. Se fizer um comentário simpático, é dívida eterna. Um se alimenta do outro.

Diferente do Orkut, o Facebook castra a espontaneidade de se sentir entre amigos. Afinal, lá estão nossos chefes, clientes, concorrentes e o resto do mundo. Todos à espreita. Representar no Facebook é quase uma obrigação. Até mesmo os que parecem espontâneos, apenas parecem.

A autorrepresentação nesta rede dá a sensação de comando sobre como quer que o vejam. Photoshopando até a alma, o auto marketing produz, claro, pessoas irreais. Mas isso não machuca, porque a imagem pública passou a conferir, paradoxalmente, valor à própria existência. Aí, só Freud.