segunda-feira, 13 de junho de 2011

Serra de Itabaiana: o paraíso é logo ali



A Serra de Itabaiana guarda os mais bonitos e diversos espetáculos naturais de Sergipe. Ali, cachoeiras, poços, grutas, riachos, vales e penhascos compõem cenários sempre impactantes. A caminhada relativamente fácil é tão compensadora que obriga os visitantes a intervalos de mera contemplação. Os olhos saem de lá em festa e mais exigentes - creia nisso. O corpo inteiro agradece, na verdade, porque há também as inevitáveis paradas para banhos, a invasão do cheiro de mato, os sons da força das águas e de 123 espécies diferentes de pássaros. Tudo ali foi feito para ver, sentir, cheirar e ouvir ao mesmo tempo. O passeio é, do começo ao fim, uma grande reverência à natureza.
A Serra é o ícone, o auge de uma área de 7.966 hectares, elevada à categoria de Parque Nacional em 2005. Em meia hora de carro chega-se lá, partindo-se de Aracaju. São 40 km, da capital sergipana. Existem 12 trilhas para desbravar o local e há passeios para todos os graus de habilidade física - turísticos, de aventura, ecológicos e terapêuticos. Invente o seu, se preferir. Para quem vai pela primeira vez, recomendo a trilha Via Sacra, que inclui a Cachoeira Véu de Noiva, a Gruta da Serra e o Poço das Moças. Sem pressa e inspirando a energia do lugar, em duas horas e meia você estará no topo, a 659 metros de altitude. Outros roteiros igualmente conhecidos pela exuberante paisagem são Piçarra, Caldeirão, Carros e Paredão.
O objetivo quando estive por lá, no sábado 28 de maio passado, foi comungar com a mãe natureza, num roteiro mais terapêutico que ecológico – holístico, eu diria. Fui com o Grupo Andarilhos, sob a coordenação de Sônia Bonfim - contato: (79) 9141-3486. Na caminhada, quem primeiro se apresenta é o Riacho Coqueiro. Como fomos numa fase de cheia das águas (na mesma semana Aracaju esteve imersa), em tudo havia abundância. Atravessada a primeira ponte, pouco a pouco a paisagem se define com extrema clareza: à esquerda, a caatinga e à direita, a Mata Atlântica. Dezesseis espécies de serpentes, 62 de mamíferos e 24 de anfíbios, além de pássaros e insetos cruzam os dois biomas. Os maiores exemplares encontrados por lá são o veado campeiro, a siriema e a preguiça. Pela vegetação, bromélias e mini orquídeas endêmicas podem ser apreciadas com facilidade.
 Riacho Coqueiro: primeira travessia.

O Parque Nacional Serra de Itabaiana guarda um dos maiores mananciais de água do Estado. Lá estão um sem número de nascentes, incluindo as dos rios Cotinguiba e Poxim. A fartura hídrica pode ser comprovada na primeira grande aparição de cair o queixo: a Véu de Noiva. Para onde se olha, de cima a baixo, vê-se o superlativo de águas e rochas. As pedras de quartzitos claros por onde a água desce fazem a cachoeira ter muita personalidade para naturebas de primeira passagem pela Serra. O mergulho na água gelada é inevitável e logo o guia Marcos Mota instiga nosso espírito desbravador. “Ali abaixo tem um poço estreito e fundo que dizem rejuvenescer”, brincou. E, claro, um a um, todos caímos dentro. Vai que o negócio tem fundamento, hein? Descendo agachados, às vezes ralando um pouco a bunda, fomos até o fim da cachoeira e um delicioso lago limpo, limpo, limpo nos permite nadar. Delícia parar ali, mirar a mata fechada e imaginar quanta vida há em volta. Olhando para o lado pode-se observar o riacho que leva a água entornada pela Véu de Noiva, desviando o fluxo para a direita e revelando, para os que seguirem o caminho, o Vale dos Gnomos – recanto mágico segundo depoimentos de quem já esteve por lá.


Gruta da Serra: a eleita


Seguimos, então, para a Gruta da Serra, o lugar mais provocativo de todos. A mata fechada, o canto múltiplo de pássaros, a umidade local e o verde farto denunciam que estamos mesmo na genuína Mata Atlântica. Após uma fácil descida por um caminho de terra escura, eis que surge a Gruta, o lugar menos impregnado de presença humana em toda a trilha. Na parte mais alta dela, deságua o Riacho Cipó. De uma boa altura, a água pura nos purifica. Virgem, deságua sobre nossas cabeças, como num rebatismo especial. Não há como não se sentir abençoado neste quase ritual.
O último ponto de parada foi o Poço das Moças. A subida até ele é de mais contemplação. Ele está lá em cima ainda, mas suas águas descem em largas e calmas cachoeiras, desta vez mais extensas do que íngrimes. Cada um desses momentos já estava guardado em mim. Mas é preciso fotografar para ter um mínimo de crédito no tanto que se há de contar. As fotos deste post, portanto, são minhas, feitas com uma máquina portátil amadora. O que houver de bom nelas, é crédito do lugar.
O Poço das Moças é um êxtase, a perfeita consagração da viagem. Suas cores contrastantes mais uma vez espantam. A água é limpa, não há dúvida. Mas o Poço é escuro. Em torno dele, as rochas branquíssimas. Várias lendas são contadas, da origem de seu nome aos efeitos de seu banho. Lendas divertidas, com toques sensuais e algumas até trazem teorias do além. No dia em que aportamos por lá, 120 estudantes do Colégio Master tomaram o lugar e tivemos, sem escolha, que debandar. A energia da meninada é muito boa, mas afinal nossa vibe era outra. Um escorregador natural é divertimento entre os mais novos. Eu, que fui ali para abraçar aquele mundo, postei-me, quieta, observando de cima a paisagem que havíamos escalado há pouco e, mais uma vez, ficando com a certeza de que, não importa de que ângulo se aprecie, tudo vale muito a pena na Serra de Itabaiana.

Subida para o Poço das Moças.

Poço das Moças: preferido de muitos.

Aonde quer que eu vá... 

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